Etanol

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Estrutura do etanol

domingo, 14 de julho de 2013

Dependência alcoólica versus Etnicidade



     Os principais estudos acerca à dependência de álcool sugerem que esta seja multifatorial, ou seja, influenciada tanto por fatores genéticos, quanto por ambientais.

     Já foram tratados aqui, em uma outra ocasião, os papéis das enzimas álcool desidrogenase e acetaldeído desidrogenase no metabolismo do etanol. Agora, analisar-se-á tais enzimas sob a perspectiva da influência que elas e outros fatores exercem sobre o consumo de álcool.

    A influência que se acredita que as enzimas participantes na metabolização do etanol, principalmente a acetaldeído desidrogenase, carrega com o alcoolismo é o fato de que algumas formas são menos eficientes em sua tarefa de converter o acetaldeído em acetato, gerando reações desagradáveis, tendenciando, assim, o indivíduo a não consumir/não abusar do álcool. Um exemplo é a isoforma ADLH2*2 que está atrelada à dependência alcoólica e está presente, principalmente, em japoneses (43%) e ausente em indivíduos brancos ou negros americanos. Por outro lado, a presença do alelo ALDH2 contribui em cerca de dez vezes para a redução do risco de dependência alcoólica em asiáticos.

     A enzima álcool desidrogenase, por sua vez, apresenta grande variedade funcional, genética e em suas propriedades farmacocinéticas, sendo, por isso associadas também à dependência etílica. Na tabela abaixo, constam alguns dos genes/alelos ADH e a etnicidade relacionada:
Xingguang Luo et al



     Para ilustrar a influência entre os aspectos gênicos e funcionais com o alcoolismo supracitados, é pertinente discorrer sobre o gene ADH1C . Este gene possui duas isoformas uma com isoleucina e outra com valina e glutamina. Isto ocasiona, em nível bioquímico, uma maior e mais rápida metabolização do etanol pela enzima codificada pela isoforma com isoleucina em detrimento daquela feita pela isoforma com valina e glutamina. Essa eficiência em metabolizar gera um acúmulo de aldeído acético gerando todo aquele desconforto, propiciando, assim, uma aversão alcoólica.

     Dadas todas essas informações genéticas, infere-se que ter parente alcoólico aumenta o fator de risco para a doença dos indivíduos dessa mesma família. Alguns estudos apontam que filhos de alcoólicos têm uma chance cinco vezes maior de desenvolver problemas relacionados ao álcool do que filhos de pais não-alcoólicos. Contudo, é importante frizar que a dependência é muito mais ampla do que a perspectiva genética exposta aqui, sendo complexos os fatores que determinam tal doença.



Bibliografia



Xingguang L, Kranzler HR, Zuo L, Wang S, Schork NJ, Gelernter J. Diplotype trend regression analyses of the ADH gene cluster and the ALDH2 gene. Multiple significant association with alcohol dependence.

Midanik L. Familial alcoholism and problem drinking in a national drinking survey.

Thomasson HR, Crabb DW, Edenberg HJ, Li TK.Alcohol and aldehyde dehydrogenase polymorphisms and alcoholism







Rebello, André Soares. Estudo sobre o polimorfismo da enzima álcool desidrogenase (gene

ADH1C) e a dependência ao álcool em uma população da cidade do Rio de Janeiro / André Soares Rebello – Rio de Janeiro: UFRJ / Faculdade de Medicina, 2009.




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