Etanol

Etanol
Estrutura do etanol

domingo, 14 de julho de 2013

Álcool e Cognição

O uso de alcool está bastante relacionado com o funcionamento do sistema nervoso. 
Mesmo no senso comum é sabido que o álcool atua no mecanismo cerebral, deprimindo o SNC e causando os sintomas conhecidos, como comprometer a memória ( o blackout) o sistema neuro-motor (cambaleamento) e funções viso-espaciais (perda da noção espacal e reflexos lentos)

 De fato é isso que ocorre. Após ser absorvido o álcool se difunde rapidamente pelo sangue e atravessa rapidamente a barreira hemato-encefálica, tendo assim as portas abertas para atuar sobre o Sistema Nervoso e debilitá-lo.
 

Consumo Agudo

 Muito embora os efeitos agudos serem pouco estudados, há alguma literatura sobre o assunto: 
 Em consumo agudo o efeito do álcool têm maior relevância na capacidade de retenção de memória a longo prazo, sendo que a capacidade de vigilância e a retenção de informações a curto prazo foi comprovada como a mesma de indivíduos sóbrios. Mostrando que o dano na memória não é devido à sedação, mas ao mal funcionamento do hipocampo de reter informações.

Consumo Crônico

Muito embora o consumo crônico de álcool possa não afetar o nível intelectual, outras funções neurocognitivas são afetadas, mesmo após grandes períodos de abstinência.
Os efeitos mais comuns são na memória, aprendizado, capacidade de abstração e velocidade de pensamento.
Pessoas que abusam do álcool de forma crônica e não possuem efeitos neurocognitivos apresentam danos no córtex pré frontal, gerando efeitos danosos na capacidade da fala  e na capacidade de tomada de decisões. Nessa ultima o paciente perde a capacidade de ponderar sobre os efeitos a longo prazo de suas decisões, preferindo por opções de ganhos imediatos, como o próprio ato de beber.








O consumo de álcool em idades avançadas também está relacionado com o desenvolvimento de demência.
Aparentemente o desenvolvimento de demência tem influencia do álcool quando associado à pessoas com predisposição genética. Essas pessoas possuem uma proteína chamada apolipoproteina e4. Em estudos realizados, pessoas com essa proteína possuem maior probabilidade de desenvolver demênica quando ingerem bebidas e essa probabilidade aumentava ainda mais de acordo com o aumento do consumo de álcool



REFERENCIAS:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-44462004000500007
http://www.cisa.org.br/artigo/50/consumo-alcool-na-meia-idade-possivel.php









Álcool & Sistema Imunológico



O álcool afeta o sistema imunológico basicamente de duas maneiras: primeiro porque seu excesso é tóxico para quaisquer células do organismo incluindo as células de defesa, o que acaba levando a degeneração dessas células e dos centros nervosos responsáveis pela neurodegeneração das células; segundo devido interferir com as citocinas responsáveis por estimular as ações imunológicas.

A exposição aguda e crônica ao álcool suprime todos os ramos do sistema imunitário, mais precisamente, o etanol compromete o funcionamento e receptores celulares do tipo Toll (principalmente os TLR4), os quais são responsáveis pelo reconhecimento de patógenos. Portanto, nesse contexto podemos dizer que o consumo crônico de etanol dificulta a reação por parte do organismo diante de patógenos, mas quando o organismo é capaz de efetivar uma reação de defesa o etanol atua como um potencializador exagerado das reações inflamatórias.

"Pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de Massachusetts expuseram células brancas do sangue - os jogadores-chave na defesa do organismo contra infecções - uma substância química que imitava as bactérias e os vírus. Metade destas células são introduzidas em soluções de etanol, em níveis que seriam proporcionais a uma pessoa beber em torno de 28 copos semanalmente. A seguir, analisou o comportamento de dois grupos de células brancas do sangue, realçando a sua capacidade de responder a ataques virais. E os cientistas confirmaram que o grupo que tinha respondido no meio com álcool apresentam apenas 25% de eficiência em comparação com o dos outros segmentos, as células que não foram influenciados pela presença de álcool."

O álcool também afeta o processo de quimiotaxia, processo no qual através de estímulos químicos as células de defesa, principalmente os neutrófilos, são capazes de reconhecer o local onde devem atuar. Além disso, o etanol também altera a produção de alguns hormônios que estão vinculados com a modulação imunológica, ou seja, o etanol interfere na intensidade dos estímulos a produção de células de defesa.

http://imunofarma.blogspot.com.br/2010/09/citocinas.html
http://alcool96.blogspot.com.br/2013/01/alcool-imunidade-e-inflamacao.html
http://www.doping-prevention.sp.tum.de/pt/substances-and-methods/alcohol/alcohol/immune-system.html
http://edukavita.blogspot.com.br/2012/09/beber-alcool-enfraquece-o-sistema.html

Álcool&Desnutrição


O álcool é capaz de levar seus usuários a desnutrição devido dois fatores: primeiro devido as próprias características bioquímicas do álcool e as interferências que ele é capaz de causar no organismo; segundo devido o aspecto comportamental dos usuários que tendem a esquecer ou ignorar a alimentação.

O álcool apresenta-se como um alimento com o que se chama de "calorias vazias", pois não apresenta componentes alimentares que tenham alto valor nutricional. Este fato contribui para a desnutrição junto com o apetite reduzido e a má absorção dos nutrientes (absorção inadequada de nutrientes pelo trato intestinal), os quais são efeitos causados pela ingestão crônica de bebidas alcoólicas. A má absorção dos nutrientes é devida, entre outros fatores, as lesões que o consumo de álcool pode causar nos órgãos do trato gastrointestinal.

A metabolização destes compostos leva a um aumento da concentração da NADH, o que leva a uma desregulação dos processos de gliconeogênese, devido aumentar a eficiência das reações que forma o lactato ao invés de favorecer as que formam a glicose.


Além destes fatores, o álcool também pode levar a quadros de desnutrição devido às outras doenças as quais ele pode levar como a diabetes e a pancreatite. No caso da pancreatite, por exemplo, o etanol em excesso ataca células do pâncreas que produzem a amilase e a lípase são intoxicadas, o que leva diretamente a deficiência na absorção de alguns carboidratos e lipídeos, além de que o etanol em excesso também pode intoxicar as células produtoras da insulina, o que causa diretamente um aumento da glicemia e dificuldade de absorção de carboidratos, e indiretamente a diabetes devido a falta de insulina para estimular a captação de glicose pelas células.




Álcool e Medicamentos

É de conhecimento popular que álcool e remédios não são uma boa combinação. No entanto, muitas pessoas não sabem quais os efeitos dessa combinação. A seguir estão alguns exemplos sobre os efeitos do álcool associado com medicamentos:

A maioria dos medicamentos não interagem com o álcool,  alguns até mesmo são preparados em solução alcoólica. No entanto há diversas combinações perigosas:

 Antibióticos
  Ao se associar antibióticos com a bebida, têm-se a perda do efeito do remédio, visto que o álcool possui efeito diurético. Assim, quando ingerido álcool e o remédio, a pessoa elimina o antibiótico na urina e seu sangue não fica com a concentração de antibiótico necessária para combater a bactéria causadora da doença.
Alguns antibióticos, como metronidazol e tinidazol reagem com álcool e o uso combinado pode levar a cefaléia e náuseas


Paracetamol ( Tylenol, Acetofen e Dôrico)
álcool e paracetamol são metabolizados no fígado e a junção desses dois produz um efeito altamente tóxico, que pode danificar o órgão. o uso recorrente da combinação pode levar ao óbito.
Curar Ressaca com Paracetamol é um grande erro: a combinação pode lesionar o fígado. 
Além disso , a combinação com Paracetamol, assim como com aspirina, diminui a secreção gástrica e aumenta o tempo de sangramento e de irritação gástrica.

Ansiolíticos (Valium, Lorax e Lexotan)

São drogas usadas para diminuir a ansiedade.
 A combinação desses fármacos com álcool potencializam o efeito depressor do SNC e podem causar diminuição da frequência respiratória, podendo ocorrer até parada da respiração e morte .


Antiparasitários
 A associação causa dores de cabeça, taquicardia, náuseas e sudorese. Em casos extremos, pode desencadear convulsões.

Anti-inflamatórias
A ação anti-inflamatória pode ser potencializada, podendo haver progressão do tempo de sangramento.

Referências:
http://www.adur-rj.org.br/5com/pop-up/remedios.htm 
http://apps.einstein.br/alcooledrogas/novosite/atualizacoes/as_216.htm

 
    


Álcool e atividades físicas

 O álcool, além dos efeitos imediatos no organismo, possui diversos efeitos a longo prazo. Uma relação interessante é a do alcoolismo com a prática de esportes e atividades físicas, visto que na sociedade contemporânea o consumo de álcool se difunde crescentemente, e, enquanto isso, também há a busca de muitos por um estilo de vida mais saudável, pautado na prática de atividades físicas. Qual seria, portanto, o efeito da união desses dois fatores? Quais os efeitos do álcool na prática de atividades físicas?

  O álcool prejudica o condicionamento físico e, consequentemente, a prática de exercícios por diversos fatores. Isso se dá pelo fato que o consumo de álcool, por esse ser diurético, favorece a desidratação, e, a nível crônico, pode aumentar a perda hídrica natural do indivíduo. Além disso, o álcool prejudica a absorção de vitaminas do complexo B, sendo essas fundamentais para o metabolismo de carboidratos e proteínas, o que torna a disponibilidade de energia para as práticas esportivas menor, também prejudicando o aumento da massa muscular do indivíduo, visto a insuficiência no metabolismo de proteínas.


   O álcool também inibe a absorção de sais minerais, o que prejudica a resistência muscular e processos de cicatrização, além do aumento no acúmulo de gordura, explicitado na postagem que trata sobre álcool e obesidade.
   Com isso, o indivíduo encontra mais dificuldades na prática de exercícios e os resultados desses na saúde passam a ser reduzidos, o que mostra, portanto, que o consumo de álcool afeta de forma bastante negativa a busca por uma vida saudável através da prática de atividades físicas.



Bibliografia:
http://ronaldoarino.wordpress.com/2013/02/18/alcoolismo-e-atividade-fisica/
http://www.cstur.com.br/artigos/atividade-fisica-e-alcoolismo
http://www.blogbrasil.com.br/a-atividade-fisica-e-a-ingestao-de-alcool/

Tratamento para alcoólicos


     Primeiramente, torna-se pertinente sabermos a diferença entre dependência alcoólica e abuso alcoólico. O primeiro conceito se refere a um indivíduo que consome etanol apesar de possuir problemas físicos, mentais e sociais advindos de tal ingestão e, além disso, a ausência de consumo causa crise de abstinência (e outras), mostrando, assim, uma pessoa dependente fisicamente e psicologicamente do álcool. Enquanto que o segundo conceito contempla um indivíduo que não possui quaisquer dependência, mas quando ele faz uso de tal substância gera muitos problemas.

     O diagnóstico do alcoolismo é feito por Anamnese pelo médico, que consiste em se fazer uma série de perguntas ao paciente e à família com o objetivo de se traçar o perfil do indivíduo e, em seguida, correlacioná-lo com a Síndrome de dependência alcoólica (SDA). O médico, além disso, precisa realizar exames físicos, como por exemplo a verificação de tremores nas extremidades digitais e na língua. O paciente para ser alcoólico precisa apresentar algum tipo de dependência física. Por fim, exames laboratoriais também têm de ser executados, como o exame de líquido cefalorraquidiano e uma pneumencefalografia, pois podem comprovar o diagnóstico.

    A seguir se encontra algumas perguntas, de 12, que são feitas ao paciente a ser sondado por grupos de alcoólicos anônimos, psicólogos e médicos:

"Já tentou parar de beber por uma semana (ou mais), sem conseguir atingir seu objetivo?"

" Tomou algum trago pela manhã nos últimos doze meses?"

"Apesar de prova em contrário, você continua afirmando que bebe quando quer e para quando quer?"

    A SDA se apresenta em diversos graus e formas. A CID-10 traz a classificação F10 – Transtornos mentais e de comportamento decorrentes do uso de álcool, com as seguintes subdivisões [6] :

F10.0 – Intoxicação aguda

F10.1 – Uso nocivo

F10.2 – Síndrome de dependência

F10.3 – Estado de abstinência

F10.4 – Estado de abstinência com delirium

F10.5 – Transtorno psicótico

F10.6 – Síndrome amnésica

F10.7 – Transtorno psicótico residual e de início tardio

F10.8 – Outros transtornos mentais e de comportamento

F10.9 – Transtorno mental e de comportamento não-especificado

     Diagnosticado o alcoolismo, as intervenções para auxiliar o alcoólico consiste em psicoterapias e farmacoterapias.
     As abordagens as quais as psicoterapais se dá, partem de auxílio individual e auxílio de grupo.
    Já as intervenções em nível farmacológicos são feitas a partir do uso das seguintes drogas:
Dissulfiram: O Dissulfiram inibe irreversivelmente a enzima acetaldeído desidrogenase , assim causando uma reação não prazerosa quando o indivíduo consome álcool, haja vista que haverá acúmulo de acetaldeído. Veja o esquema abaixo:

Naltrexona: O consumo de etanol parece atuar positivamente sobre determinatos tipos de receptores opioides e negativamente em outros. O sistema opioide atua diretamente sobre o sistema de recompensa e está associado ao desenvolvimento da dependência. Desse modo, a atuação do Naltrexona antagoniza esses receptores, dissociando o prazer do consumo de álcool.

Acamprosato: Provavelmente, essa medicação reduz a recaptação do cálcio induzida pelo glutamato nos neurônios, reduz os efeitos aversivos da retirada do álcool, já que inibe alguns transmissores e inibe,também, a hiperexcitabilidade cerebral do glutamato e a atividade excitatória glutamatérgica.

    Com essa postagem, concluo minha parte nesse blog e declaro minhas atividades encerradas. Espero que tenham gostado e feito um bom uso! Por fim, agradeço ao meu grupo, ao Jonathan, nosso monitor e ao professor Marcelo Hermes por essa incrível oportunidade =)


Bibliografia






PORTO, Celmo Celeno. Semiologia Médica 5ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. [7]



Dependência alcoólica versus Etnicidade



     Os principais estudos acerca à dependência de álcool sugerem que esta seja multifatorial, ou seja, influenciada tanto por fatores genéticos, quanto por ambientais.

     Já foram tratados aqui, em uma outra ocasião, os papéis das enzimas álcool desidrogenase e acetaldeído desidrogenase no metabolismo do etanol. Agora, analisar-se-á tais enzimas sob a perspectiva da influência que elas e outros fatores exercem sobre o consumo de álcool.

    A influência que se acredita que as enzimas participantes na metabolização do etanol, principalmente a acetaldeído desidrogenase, carrega com o alcoolismo é o fato de que algumas formas são menos eficientes em sua tarefa de converter o acetaldeído em acetato, gerando reações desagradáveis, tendenciando, assim, o indivíduo a não consumir/não abusar do álcool. Um exemplo é a isoforma ADLH2*2 que está atrelada à dependência alcoólica e está presente, principalmente, em japoneses (43%) e ausente em indivíduos brancos ou negros americanos. Por outro lado, a presença do alelo ALDH2 contribui em cerca de dez vezes para a redução do risco de dependência alcoólica em asiáticos.

     A enzima álcool desidrogenase, por sua vez, apresenta grande variedade funcional, genética e em suas propriedades farmacocinéticas, sendo, por isso associadas também à dependência etílica. Na tabela abaixo, constam alguns dos genes/alelos ADH e a etnicidade relacionada:
Xingguang Luo et al



     Para ilustrar a influência entre os aspectos gênicos e funcionais com o alcoolismo supracitados, é pertinente discorrer sobre o gene ADH1C . Este gene possui duas isoformas uma com isoleucina e outra com valina e glutamina. Isto ocasiona, em nível bioquímico, uma maior e mais rápida metabolização do etanol pela enzima codificada pela isoforma com isoleucina em detrimento daquela feita pela isoforma com valina e glutamina. Essa eficiência em metabolizar gera um acúmulo de aldeído acético gerando todo aquele desconforto, propiciando, assim, uma aversão alcoólica.

     Dadas todas essas informações genéticas, infere-se que ter parente alcoólico aumenta o fator de risco para a doença dos indivíduos dessa mesma família. Alguns estudos apontam que filhos de alcoólicos têm uma chance cinco vezes maior de desenvolver problemas relacionados ao álcool do que filhos de pais não-alcoólicos. Contudo, é importante frizar que a dependência é muito mais ampla do que a perspectiva genética exposta aqui, sendo complexos os fatores que determinam tal doença.



Bibliografia



Xingguang L, Kranzler HR, Zuo L, Wang S, Schork NJ, Gelernter J. Diplotype trend regression analyses of the ADH gene cluster and the ALDH2 gene. Multiple significant association with alcohol dependence.

Midanik L. Familial alcoholism and problem drinking in a national drinking survey.

Thomasson HR, Crabb DW, Edenberg HJ, Li TK.Alcohol and aldehyde dehydrogenase polymorphisms and alcoholism







Rebello, André Soares. Estudo sobre o polimorfismo da enzima álcool desidrogenase (gene

ADH1C) e a dependência ao álcool em uma população da cidade do Rio de Janeiro / André Soares Rebello – Rio de Janeiro: UFRJ / Faculdade de Medicina, 2009.




Processo inflamatório e álcool

    O processo inflamatório é desencadeado para conter infecções, traumas, agentes químicos e outras agressões. Portanto, a inflamação é, fundamentalmente, um mecanismo de defesa do organismo. No entanto, em um local inadequado e prolongada, ela pode ser altamente danosa ao tecido atingido. Mas enfim, qual a relação entre tomar "uns bons drinks" e a inflamação?

   
    O álcool tem relação com o sistema imunológico pela sua ação no receptor TLR4 (Toll like receptor 4). Os TLRs são responsáveis pelo reconhecimento de padrões de variadas moléculas derivadas de microrganismos e pelo estímulo às respostas imunes inatas do organismo. O receptor semelhante ao Toll 4, mais especificamente, reconhece lipossacarídeos (LPS) da parede celular de bactérias Gram-negativas. Se tal reconhecimento ocorrer, uma sequência de sinalizações é executada e alguns genes são expressos, genes estes que codificam uma série de proteínas, dentre estas, citocinas inflamatórias, como a TNF alfa e as interleucinas 1 e 2.
 
   
    A via de sinalização do TLR4 resulta na ativação do NF-kB. Nessa via, a ligação do ligante ao TLR4 leva ao recrutamento de várias moléculas sinalizadoras. A primeira proteína a ser recrutada é a MyD88, que contém um domínio TIR e que, por sua vez, liga-se provavelmente ao domínio TIR do TLR4. Além de um domínio TIR, a MyD88 contém, também, um domínio de morte ao qual se ligará com o domínio de morte da IRAK, a segunda proteína recrutada na via de sinalização. Quando o recrutamento é efetuado, a IRAK se autofosforila, dissociando-se do MyD88 e ativando a TRAF-6. Por fim, a TRAF-6 ativa a cascata da cinase IkB, ativando a NF-kB.

   
    O álcool é capaz de ativar a via de sinalização, mesmo na ausência de LPS, porque o etanol se comporta como um PAMP (Pathogen-associated molecular patterns), interagindo, portanto, com o TLR4 e também porque possui capacidade de alterar os lipídeos da membrana, mais especificamente, os Lipid rafts (LR). Os LRs são microdomínios na membrana constituídos de colesterol e esfigolipídeos. O álcool pode ativar os TLR 4 facilitando seu recrutamento nos LRs, porque além do recrutamento dos TLR 4, também recruta proteínas, como a IRAK, ativando assim a sinalização e, por conseguinte, ativando a expressão de citocinas pró-inflamatórias.

Bibliografia

ABBAS, Abul K. e LICHTMAN, Andrew H. Imunologia celular e molecular. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005.

KUMAR, Vinay et al. Patologia - Bases patológicas das Doenças. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005.

El etanol induce daño inflamatorio en hígado y cerebro: Papel de la vía de señalización asociada a los receptores IL-1RI/TLR4. Disponível em: <
http://roderic.uv.es/handle/10550/15626>

Inhibition of TLR8- and TLR4-induced Type I IFN induction by alcohol is different from its effects on inflammatory cytokine production in monocytes Pang et al. BMC Immunology 2011

Effect of Ethanol on Inflammatory Responses. Szabo et al. Published online: June 21, 2007. Pancreatology

Alcohol and neuroinflammation: Involvement of astroglial cells and TLR4/IL-1RI receptors. A.M. Blanco e C, Guerri.Inmunología Vol. 25 / Núm 3/ Julio-Septiembre 2006: 188-200

 

 

sábado, 13 de julho de 2013

Burlar a lei seca?

   Um dos maiores impasses dos fins de semanas de muitos, atualmente, se baseia em como desfrutar dos prazeres do álcool sem ter o problema de serem pegos pelas blitze e seus bafômetros. A saída encontrada por vários motoristas foi o consumo de um medicamento normalmente usado para curar problemas de intoxicação cronica do figado( por exemplo: esteatose) ou para ajudar na abstinência do álcool. Este medicamento, o Metadoxil(pidolato de piridoxina), otimiza o funcionamento de enzimas no figado e, com isso acelera o metabolismo do etanol e, concomitantemente, diminui a ressaca pela remoção mais rápida do acetaldeído do sangue. Contudo, Metadoxil E um remédio tarja vermelha e, portanto, deve ser vendido apenas com prescrição medica, entretanto ela, na maioria das vezes, não é solicitada pela farmácia.
   Um grupo conhecido no youtube-La Fênix- fez o teste com esse remédio. Três pessoas consumiram vodca e somente uma delas tomou a droga. O teste do bafômetro identificou álcool nas duas pessoas que não fizeram uso do pidolato de piridoxina e, na que fez, o teste indicou a ausência de etanol no sangue. Apesar disso, especialistas alegam que o medicamento não inibe os efeitos do álcool no usuário e deve ser utilizado com cautela, pois seu uso inapropriado pode acarretar em transtornos gástricos, aumento da frequência respiratória, erupções cutâneas e pode, também, ocasionar convulsões.
   

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Síndrome asiática do rubor facial induzida pelo álcool

  É conhecido que alguns asiáticos, após ingestão de álcool, apresentam vermelhidão facial. Isso acontece devido a uma pequena diferença no metabolismo dessa substância. No fígado acontece a parte de desintoxicação do corpo, por ação de algumas vias dentre elas a via de destaque aqui seria;
* A parte da enzima ALDH2, essa enzima é a aldeído desidrogenase, atuando como catalisadora no processo de oxidação do acetaldeído (substância tóxica resultante da metabolização do etanol) em  acetato, fazendo com que caia a concentração e os efeitos tóxicos do acetaldeído.



   Em povos de origem asiática,  há um mau funcionamento enzimático justamente nesse mecanismo de desintoxicação. O que faz com que acumulem acetaldeído de maneira acelerada e demoram mais para transformá-lo em acido acético, gerando os efeitos mais conhecidos como rubor e outros mais inusitados como falhas no material genético, abrindo margem ao aparecimento de tumores.
   Essa característica é chamada de síndrome asiática do rubor facial induzida pelo álcool. O nome já é alto explicativo, ainda vale ressaltar que o problema atinge ao menos 40% da população do leste asiático. Esses afetados, em sua grande maioria, possuem uma profunda aversão ao álcool.
   Existem alguns estudos publicados na revista ''Nature'' relatando a descoberta de uma molécula de codinome ALDA-1 que tem a propriedade de se ligar à aldeído desidrogenase e reativar sua função, podendo assim ser utilizada no tratamento dessas pessoas permitindo , assim, o consumo de álcool sem os efeitos negativos dessa síndrome.



Bibliofrafia,
Nature and Structural and Molecular Biology
http://www.cisa.org.br/artigo/449/descoberta-molecula-alda-1-responsavel-pela.php
http://www.ufpi.br/subsiteFiles/lapnex/arquivos/files/Metabolismo%20dos%20farmacos.pdf
http://www.virtual.epm.br/material/tis/curr-bio/trab99/alcool/metabolismo.htm

terça-feira, 9 de julho de 2013

Álcool e cocaína

    A cocaína é uma droga amplamente conhecida, sendo essa, uma droga psicoestimulante que aumenta a liberação de dopamina, além do que inibe a receptação desse neurotransmissor. Mas então, porque estamos falando de cocaína em um blog sobre o álcool? Simples, essa droga interage com o álcool. Como nós vemos em vários filmes essa combinação e nunca nos perguntamos por que eles, personagens usuários de drogas, utilizam as duas juntas.  O usuário de drogas utiliza essas associações para aumentar o quadro eufórico e diminuir o quadro psicomotor causado pelo álcool.
    Mas como é tal interação? Acontece que a reação entre esses dois compostos vai gerar um terceiro composto chamado Cocaetileno.  Essa substância, chamada cocaetileno potencializa os efeitos da cocaína, no sistema cardiovascular e sistema nervosos central  (SNC).  Como ele faz isso? É a próxima pergunta a ser respondida. Ele, cocaetileno, age junto da cocaína bloqueando a receptação de monoaminas, o que é fortemente relacionado com a overdose.
    O metabolismo da cocaína funciona da seguinte forma;  A droga é metabolizada em 3 vias. Primeiro sendo hidrolisada pela colinesterases hepáticas e plasmáticas, produzindo o éster Metilecgonina, segunda via é a da Benzoilecgonina formada na hidrolise espontânea, quer dizer que não ocorreu a ação de uma enzima ou ainda por meio de ação das Carboxiesterases plasmáticas ou hepáticas,  esses metabólitos excretados na urina, e ainda há, na terceira via, a Norcocaína, metabólito ativo formado por meio de um processo de N-desmetilação.
   Então finalmente voltando para o álcool, quando se combina o uso de cocaína e álcool, aumenta-se o nível plasmático de Norcocaína e Cocaína, reduzindo o nível de Benzolecgonina, e formando o cocaetileno que é o único metabólito de cocaína formado na presença de álcool, por meio da ação de uma carboxiltransferase hepática promovendo uma reação de transesterificação.
    O Cocaetileno é responsável pelos efeitos prolongados. Os quais seriam os gerados pelo uso de cocaína, mas que somente declinam em maior tempo. O que provavelmente deve levar ao uso juntamente com o álcool. Promovendo esse abuso e sobre carga dos sistemas normais de funcionamento fisiológico, além dos maiores riscos associados a essa combinação, como a overdose.






Bibliografia:

Inaba,t.; Stewart, d.j. & Kalow, W. Metabolism of cocaine in man. Clinical Pharmacology and therapeutics 23: 547-52, 1978.
Fish, f. & Wilson, W.D.C. - Excretion of cocaine and its metabolites in man. Journal of Pharmacy and Pharmacology 21: 1355-85, 1969.


quarta-feira, 3 de julho de 2013

Álcool e direção

  Em maio de 2009, com apoio do Ministério da Saúde, foi lançada pela Polícia Rodoviária Federal a famosa "Lei Seca", que tornou as penalidades para infrações relacionadas à direção após o consumo de álcool mais rígidas e a fiscalização mais efetiva. 
  Mas quais são os riscos da direção após o consumo de bebidas alcoólicas? Como o álcool afeta a coordenação do motorista? Como funciona o "bafômetro"?
  Traremos as respostas a essas perguntas a seguir:



  O álcool aumenta muito o risco de acidentes no trânsito, visto que esse proporciona uma sensação de confiança aos motoristas, pelo efeito do álcool sobre neurotransmissores como as serotoninas e endorfinas. Além disso, prejudica a atenção, a percepção espacial e de velocidade e a coordenação. Com isso, o motorista sente-se apto a dirigir, frequentemente, de forma perigosa, o que muitas vezes resulta em acidentes. Segundo dados do Ministério da Saúde, mais de 40% dos acidentes de trânsito graves estão relacionados à embriaguez. Teoricamente, nenhum nível de consumo de álcool é seguro quando associado à direção, mas, segundo a "Lei Seca", taxas de até 0,1mg/L (mg de álcool por litro de ar expelido) são toleradas, sendo essa taxa medida pelo bafômetro.

  O álcool altera a comunicação entre os neurônios, devido ao estímulo depressor sobre diversos neurotransmissores, como o GABA e o glutamato, diminuindo as respostas do sistema nervoso central. As áreas do sistema nervoso mais afetadas pelo álcool são o cerebelo, responsável pela percepção espacial e do equilíbrio, e o córtex frontal, responsável pela coordenação motora. Como essas habilidades são essenciais para a direção, o motorista alcoolizado é inapto a dirigir de forma segura.



   O bafômetro, instrumento utilizado para a medição da taxa de álcool ingerida pelos motoristas, tem seu funcionamento baseado em reações de oxirredução. O bafômetro mais comum é o descartável. Esse bafômetro é, basicamente, um tubo com uma mistura de dicromato de potássio e dióxido de silício em meio ácido. Quando o ar é expirado no bafômetro há a oxidação do etanol  à etanal  e a redução do dicromato a cromo (3 ou 2). O dicromato de potássio possui coloração laranja e o cromo possui coloração verde. Com isso, caso o motorista sopre o bafômetro e a coloração da mistura mude de laranja para verde, há a comprovação que esse ingeriu álcool, sendo a tonalidade da cor verde determinante quanto à quantidade de álcool ingerida, ou seja, quanto mais verde se tornar a mistura, mais álcool foi ingerido pelo motorista.



Bibliografia:
 http://drvaldirribeirocampos.site.med.br/?PageName=-C1lcool-20e-20Dire-E7-E3o
http://destrave.cancaonova.com/bebida-e-direcao-uma-combinacao-fatal/
http://www.dprf.gov.br/PortalInternet/leiSeca.faces#faq7
http://www.cisa.org.br/artigo/229/alcool-sistema-nervoso-central.php
http://www.alunosonline.com.br/quimica/principio-quimico-bafometro.html